Aí está! Mais um final de época em que muito se falou, discutiu e opinou, como aliás é hábito, sobre uma competição decidida ao soar do “gong”. Se para muitos o U. Leiria era o principal candidato à vitória final, que diga-se esteve perfeitamente ao seu alcance, não é menos verdade que para todas as equipas que disputaram o Campeonato Distrital da Divisão de Honra, esta era a equipa a “abater”. Por tudo o que foi dito ao longo do último defeso, por tudo o que os próprios dirigentes e equipa técnica, foram dizendo ao longo deste período, cedo se percebeu da dificuldade que a estrutura do U. Leiria iria ter em manter estes jogadores longe da “pressão” e tranquilos na perseguição a um objectivo que, afinal era legítimo.Aqui surge o Carriço e Bidoeira, um pouco como “outsider”, e que poucos auguravam grande futuro, principalmente após a afirmação do seu treinador que dizia que iria ser campeão e, consequentemente, subir de divisão. Afinal, tinha razão! Talvez por não levarem muito a sério “as gentes” do Carriço, possamos estar aqui neste momento a felicitar um justíssimo, há que dizê-lo, Campeão da Divisão de Honra. Muitos perguntarão onde esteve a razão para o sucesso deste Carriço e Bidoeira. Pois bem, na minha opinião, assentou em 6 grandes pilares:
1. O seu treinador, conhecedor da modalidade e com passagem de sucesso, como jogador por várias equipas de nomeada, da nossa região, e que lhe conferem uma enorme experiência. Por outro lado, conseguiu de forma sagaz “espremer” os seus atletas por forma a conseguirem, como equipa, em todos os jogos encarar a competição com todo o rigor que se exige.
2. Um plantel constituído por jogadores experientes e com qualidade, apesar de ser curto, e que aliado ao facto de não ter tido grandes contrariedades em termos de lesões no seu núcleo duro veio a tornar-se decisivo também.
3. Foi uma equipa que conseguiu tirar o máximo partido das condições do piso do pavilhão quando jogavam em casa, quanto a mim sem o mínimo de condições para a prática desta modalidade.
4. Equipa que se demonstrou bastante solidária em todos os jogos a que assisti. Todos os elementos a manifestarem bastante disponibilidade em prol do grupo.
5. Teve no jogador Joel uma peça fundamental, ao nível da concretização, em função do modelo de jogo adoptado pelo seu treinador, assente em transições rápidas, quer defesa ataque, quer ataque defesa. Foi a equipa mais forte que eu me tenha apercebido, a utilizar este meio táctico. No futsal moderno as transições assumem um papel de primordial importância e o Bruno Costa, soube na minha opinião, transmitir isso mesmo aos seus jogadores.
6. Ao nível táctico não me apercebi que o Carriço apresentasse grandes nuances tácticas muito diferentes das restantes equipas, mas em termos defensivos, foi uma equipa bastante generosa e que apresentando uma defesa do tipo misto, zona (com trocas) + homem, foi em muitos momentos da época o pilar principal desta equipa, o que, permitia sair em rápidas transições e finalizar em golo as situações criadas neste meio táctico.
Posto isto temos que afirmar que o Carriço foi um justo vencedor, como seria o U. Leiria se tivesse conquistado mais pontos, tal o equilíbrio entre ambos. Neste aspecto, considero que o U. Leiria talvez tenha sido “penalizado” pela sua inexperiência e por neste ou naquele jogo não ter, como se costuma dizer, vestido o ”fato de macaco” e ter perdido pontos onde seria impensável. No entanto gostaria de referir que a equipa do U. Leiria apresentou em termos do seu modelo de jogo o sistema 4:0 como preferencial, o que em minha opinião não se adequa para jogar contra a maioria das equipas desta divisão, dado que são equipas que raramente pressionam, mesmo em desvantagem no marcador. Aí este sistema não será o mais eficaz, apesar da equipa do U. Leiria o trabalhar com bastante qualidadePara finalizar e em termos de balanço, julgo que a classificação, no geral traduz o que foi este campeonato em que o equilíbrio foi a nota dominante. Sendo este artigo pessoal, vale aquilo que vale reflectindo uma análise pessoal e imparcial dado que não tenho rigorosamente nada a ver com os clubes em causa.
Despeço-me, até uma próxima oportunidade.
Ricardo Diniz